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Publicado em 11/09/2024 às 11:43
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Desafios de Liderar um Departamento Acadêmico
Publicado em 05/10/2024 às 19:12Ser o chefe o de um Departamento Acadêmico envolve navegar em uma teia complexa de responsabilidades. Recentemente, me deparei com um artigo perspicaz de Rosemary Caron, intitulado ‘Liderança Departamental: Navegando Tensões Produtivas Enquanto se Encontra em um Papel Paradoxal,’ que aborda muitos dos desafios que acompanham a função de chefe de departamento.
Caron destaca algumas das principais dificuldades enfrentadas pelos chefes de departamento, que ressoam com minha própria experiência:
1.Equilibrar Funções Acadêmicas e Administrativas: Um dos desafios centrais é equilibrar o papel de líder acadêmico com o cumprimento de deveres administrativos. Frequentemente há uma tensão entre manter altos padrões acadêmicos e lidar com restrições logísticas e orçamentárias. Precisamos garantir que nossos programas permaneçam acreditados e mantenham a qualidade, ao mesmo tempo em que enfrentamos limitações de recursos — algo com o qual estamos bastante familiarizados.
2.Gerenciar Expectativas do Corpo Docente e a Unidade do Departamento: Outra dificuldade relatada no artigo é o desafio de criar uma equipe docente coesa. Os professores muitas vezes têm visões divergentes sobre o desenvolvimento curricular, as prioridades de ensino e o foco da pesquisa. Construir consenso enquanto respeita as perspectivas individuais pode ser uma fonte contínua de tensão. Alinhar os objetivos dos docentes com a visão mais ampla do departamento exige diálogo constante e negociação.
3.Falta de Autoridade Formal: Caron também enfatiza o paradoxo de ocupar o título de chefe de departamento, mas ter autoridade limitada para tomar decisões importantes. Há (muitos) momentos em que as políticas institucionais limitam a flexibilidade necessária para uma liderança mais adaptativa e compassiva. Restrições administrativas podem dificultar os esforços para apoiar plenamente o corpo docente e a equipe.
4.Sustentar o Progresso a Longo Prazo: Por fim, o artigo discute como as prioridades institucionais de curto prazo muitas vezes entram em conflito com as metas de longo prazo do departamento. Por exemplo, decisões sobre o desenvolvimento de programas ou mudanças curriculares às vezes precisam ser tomadas com vistas às necessidades imediatas, mesmo quando essas escolhas podem não estar alinhadas com a estratégia de crescimento de longo prazo do departamento.
Embora esses desafios possam gerar frustração, Caron argumenta que a tensão produtiva — quando bem gerida — pode levar a resultados positivos, como programação acadêmica inovadora e dinâmicas de equipe mais fortes. Pessoalmente, descobri durante minha careira, que abraçar essa tensão, em vez de evitá-la, muitas vezes leva a soluções construtivas. Mas isso exige reflexão e diálogo contínuos, tanto dentro do departamento quanto com a administração superior.
Incentivo todos no nosso departamento — professores, funcionários e estudantes — a compartilhar suas opiniões e experiências enquanto continuamos a navegar juntos por esses desafios.
Diálogo, abertura a novas ideias, respeito à diversidade de opiniões, comunicação efetiva e colaboração são fundamentais para o sucesso de qualquer departamento acadêmico e para o desenvolvimento de uma cultura organizacional sólida e inclusiva, que valoriza o crescimento coletivo.
Prof. Getúlio R de Oliveira Filho
Chefe do Departamento de Cirurgia
Referência: Caron, R. M. (2019). Departmental Leadership: Navigating Productive Tension While in a Paradoxical Role. Frontiers in Education, 4, 97. https://doi.org/10.3389/feduc.2019.00097
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Além da Técnica: Habilidades Não Técnicas que Moldam o Cirurgião
Publicado em 02/10/2024 às 18:57No ambiente complexo e de alta pressão da sala de operações, a proficiência técnica por si só não é mais suficiente para garantir os melhores desfechos para os pacientes. Embora dominar as técnicas cirúrgicas seja essencial, as habilidades não técnicas (HNT), como comunicação, liderança, trabalho em equipe, tomada de decisão e consciência situacional, têm sido reconhecidas como igualmente importantes para o desempenho seguro e eficaz dos cirurgiões.
Neste post, vamos explorar a importância das habilidades não técnicas na cirurgia, com base em uma revisão seminal realizada por Yule et al. (2006), e discutir como essas habilidades estão sendo cada vez mais reconhecidas como componentes críticos da competência cirúrgica.
O Crescente Reconhecimento das Habilidades Não Técnicas
Tradicionalmente, o treinamento cirúrgico tem focado no aperfeiçoamento das habilidades técnicas. No entanto, estudos demonstram que as falhas nos aspectos não técnicos do desempenho, como a comunicação inadequada e a falta de trabalho em equipe, muitas vezes contribuem para eventos adversos na sala de operação. Por exemplo, Yule et al. destacam que falhas de comunicação foram identificadas como um fator causal em 43% dos erros cirúrgicos . Isso enfatiza a necessidade de integrar o treinamento de habilidades não técnicas junto com a proficiência técnica para melhorar a segurança dos pacientes.
Habilidades Não Técnicas Cruciais Identificadas para Cirurgiões
De acordo com a revisão, várias habilidades não técnicas são fundamentais na prática cirúrgica, incluindo:
•Comunicação: A comunicação clara e eficaz entre os cirurgiões e toda a equipe da sala de operações é crucial para garantir que todos estejam alinhados e trabalhando com o mesmo objetivo. A falta de comunicação pode causar atrasos ou erros durante a cirurgia.
•Trabalho em Equipe: Cirurgias bem-sucedidas dependem da colaboração perfeita de uma equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros, anestesiologistas e assistentes. Os cirurgiões devem promover um ambiente de confiança e abertura para otimizar o desempenho da equipe.
•Liderança: Como líderes da equipe cirúrgica, os cirurgiões precisam tomar decisões rápidas e precisas, além de orientar a equipe e gerenciar crises à medida que surgem.
•Tomada de Decisão: A tomada de decisões intraoperatórias frequentemente envolve alto risco e pressão de tempo. Os cirurgiões devem manter a calma, avaliar riscos e antecipar possíveis complicações.
•Consciência Situacional: Manter a consciência de todo o ambiente da sala de operações – monitorando o status do paciente, as ações da equipe e quaisquer mudanças na situação – é uma habilidade crítica que aumenta a segurança do paciente.
O Impacto das Habilidades Não Técnicas nos Desfechos dos Pacientes
As habilidades não técnicas afetam diretamente os desfechos dos pacientes, reduzindo erros e melhorando o desempenho geral na sala de operações. Yule et al. observaram que falhas de liderança e comunicação eram frequentemente a raiz de eventos adversos evitáveis . Ao cultivar essas habilidades, os cirurgiões não apenas melhoram seu próprio desempenho, mas também contribuem para um ambiente de operação mais seguro e eficiente.
Treinamento e Avaliação das Habilidades Não Técnicas
Apesar da importância reconhecida das habilidades não técnicas, a educação cirúrgica tradicionalmente tem dado pouca ênfase a elas. Yule et al. defendem a necessidade de um treinamento mais estruturado e da avaliação das HNT, incluindo o desenvolvimento de sistemas de marcação comportamental para avaliar comportamentos observáveis em áreas como trabalho em equipe, tomada de decisão e comunicação .
Em campos como a aviação e a anestesiologia, sistemas semelhantes já foram implementados com sucesso, e a revisão de Yule sugere que a cirurgia pode se beneficiar muito ao adotar essas práticas. Ao integrar o treinamento de HNT no currículo e fornecer feedback estruturado, os cirurgiões podem estar melhor preparados para as demandas da sala de operações.
Conclusão
À medida que a complexidade da cirurgia continua a crescer, também aumenta a necessidade de que os cirurgiões dominem as habilidades não técnicas. Comunicação, liderança, trabalho em equipe e tomada de decisões são essenciais para alcançar os melhores desfechos para os pacientes. Ao reconhecer a importância dessas habilidades e incorporá-las tanto no treinamento quanto na avaliação, a profissão cirúrgica pode adotar uma abordagem mais holística de competência, garantindo que os cirurgiões sejam não apenas tecnicamente proficientes, mas também altamente qualificados no gerenciamento da dinâmica mais ampla da sala de operações.
References
Yule, S., Flin, R., Paterson-Brown, S., & Maran, N. (2006). Non-technical skills for surgeons in the operating room: A review of the literature. Surgery, 139(2), 140-149.
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Ampliando as Teorias Educacionais no Ensino Médico: A Importância do Trabalho em Equipe
Publicado em 29/09/2024 às 12:58Além da pedagogia e da andragogia
No artigo “Ampliando as Concepções de Aprendizado na Educação Médica: A Mensagem do Trabalho em Equipe,” Alan Bleakley examina criticamente a aplicação limitada de teorias educacionais na educação médica, destacando o predomínio das teorias centradas no indivíduo, como o aprendizado de adultos, o aprendizado experiencial e a prática reflexiva. Ele argumenta que essas teorias tradicionais não captam plenamente as complexidades do aprendizado em ambientes médicos dinâmicos, baseados em equipes.
Bleakley aponta que a educação médica frequentemente favorece modelos individualistas, que enfatizam a autonomia e o aprendizado autodirigido. No entanto, esses modelos não conseguem explicar como o aprendizado ocorre dentro dos contextos colaborativos e socioculturais das equipes clínicas. Ele sugere que as teorias de aprendizado socioculturais, que veem o aprendizado como algo distribuído entre pessoas e artefatos, oferecem uma estrutura mais robusta para entender como os profissionais de saúde aprendem em equipes.
Teorias de aprendizado sociocultural
Tanto os modelos dinamicistas quanto a teoria da atividade podem ser considerados parte das teorias de aprendizado sociocultural. Essas teorias se concentram no aprendizado como um processo que ocorre em contextos sociais e culturais, onde o conhecimento é distribuído entre pessoas, artefatos e o ambiente.
•Os modelos dinamicistas destacam como o aprendizado ocorre em sistemas complexos e dinâmicos, nos quais a interação entre membros de uma equipe e os recursos disponíveis influencia o aprendizado.
•A teoria da atividade, por sua vez, vê o aprendizado como algo que acontece dentro de sistemas de atividades sociais, enfatizando a importância da participação em práticas coletivas para a construção de conhecimento.
Ambos os modelos desafiam a visão tradicional de aprendizado centrado no indivíduo, focando em como o conhecimento é produzido e compartilhado dentro de sistemas interativos e colaborativos, o que é um princípio fundamental das teorias socioculturais de aprendizado.
Recomendações
O artigo incentiva os educadores médicos a adotar uma gama mais ampla de teorias de aprendizado, incluindo modelos dinamicistas e a teoria da atividade, que explicam melhor a natureza fluida e interconectada da prática clínica. Essas abordagens enfatizam o papel do trabalho em equipe, da comunicação e do conhecimento compartilhado, todos essenciais em ambientes médicos de alto risco, onde a segurança do paciente é prioritária.
Em conclusão, Bleakley defende a integração de modelos socioculturais na educação médica para abordar a complexidade real dos ambientes de saúde, garantindo que as teorias de aprendizado não se concentrem apenas na cognição individual, mas também na natureza coletiva e interativa da prática médica.
Referência: Bleakley A. Broadening conceptions of learning in medical education: the message from teamworking. Med Educ. 2006;40(2):150-157. doi:10.1111/j.1365-2929.2005.02371.x.
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Por que os estudantes de medicina devem pedir feedback aos professores?
Publicado em 24/09/2024 às 19:18Na educação médica, o feedback pode ser definido como informações específicas fornecidas por um professor ou mentor sobre o desempenho de um estudante, com o objetivo de guiá-lo em direção à melhoria. Trata-se de um processo construtivo em que os estudantes recebem percepções sobre seus pontos fortes e áreas que precisam ser desenvolvidas, ajudando-os a refinar suas habilidades clínicas, conhecimentos e atitudes. O feedback não é apenas uma crítica ao desempenho; ele é uma poderosa estratégia de aprendizado que oferece aos estudantes a oportunidade de refletir sobre seu progresso e fazer ajustes conforme necessário.
Aqui estão algumas razões pelas quais os estudantes de medicina devem buscar ativamente feedback dos seus professores:
1.Melhora o Aprendizado e o Desempenho: Pesquisas mostram consistentemente que estudantes que recebem feedback estruturado e em tempo hábil têm melhor desempenho na aquisição de conhecimento e no desenvolvimento de habilidades. O feedback ajuda a esclarecer os objetivos de aprendizado e oferece orientações sobre como alcançá-los, promovendo um aprendizado mais eficaz.
2.Estimula a Auto-Reflexão: O feedback incentiva os estudantes a refletirem sobre seu desempenho, o que é crucial para a auto-melhoria. Ele ajuda os estudantes a identificarem lacunas em sua compreensão ou habilidades e os estimula a pensar criticamente sobre seu processo de aprendizado.
3.Promove o Desenvolvimento de Habilidades: No treinamento clínico, receber feedback de professores experientes pode melhorar significativamente as habilidades de procedimentos e de comunicação. Os professores podem observar como os estudantes lidam com interações reais ou simuladas com pacientes e oferecer sugestões direcionadas para melhorias.
4.Aumenta a Confiança e a Competência: Quando o feedback é fornecido de maneira construtiva, ele pode aumentar a confiança dos estudantes, afirmando o que estão fazendo bem e orientando-os sobre como melhorar. Com o tempo, isso leva a maior competência e prontidão para a prática clínica.
5.Apoia a Melhoria Contínua: O feedback é mais eficaz quando contínuo. Feedback formativo regular ajuda os estudantes a monitorarem seu progresso, ajustarem suas estratégias de aprendizado e continuarem melhorando ao longo de sua formação.
Em conclusão, os estudantes de medicina devem buscar ativamente o feedback dos seus professores, pois é um componente vital do processo de aprendizado. Seja através de comentários verbais, avaliações escritas ou discussões individuais, o feedback oferece percepções essenciais que ajudam os estudantes a se tornarem profissionais médicos competentes e confiantes.
Referência: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8651958/
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O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): Uma Etapa Essencial na Formação Acadêmica
Publicado em 19/09/2024 às 18:26O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é uma das etapas mais importantes na graduação, exigindo dos alunos a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso. No Departamento de Cirurgia da UFSC, o TCC é valorizado como uma oportunidade de integração entre o ensino, a pesquisa e a prática médica. Mas o que é o TCC, e qual a sua importância na formação acadêmica e profissional dos estudantes de medicina?
O que é o Trabalho de Conclusão de Curso?
O TCC é um projeto de pesquisa que o aluno desenvolve sob a orientação de um professor. Seu objetivo principal é permitir que o estudante aplique os conhecimentos teóricos adquiridos no curso, desenvolvendo uma investigação científica sobre um tema relevante. Ele pode ser realizado em diferentes formatos, como revisões bibliográficas, estudos experimentais ou clínicos, sempre com o rigor metodológico necessário para garantir a validade das conclusões.
Quais as finalidades do TCC?
A principal finalidade do TCC é capacitar o estudante para buscar novos conhecimentos e desenvolver habilidades de pesquisa científica. Além disso, o TCC prepara o aluno para a prática da Medicina Baseada em Evidências, fundamental na tomada de decisões clínicas bem fundamentadas. Por meio do TCC, o aluno aprende a planejar, executar e apresentar os resultados de uma pesquisa científica, habilidades essenciais para sua vida acadêmica e profissional.
Quais habilidades podem ser desenvolvidas durante a realização do TCC?
Ao longo do processo de elaboração do TCC, os estudantes podem desenvolver uma série de competências e habilidades, tais como:
•Capacidade de buscar e selecionar artigos científicos de forma crítica;
•Habilidades de análise estatística e interpretação de dados;
•Competência para a leitura de artigos em língua estrangeira;
•Desenvolvimento de habilidades de apresentação em público, essenciais tanto no meio acadêmico quanto na prática médica;
•Organização e planejamento de projetos, que são fundamentais em qualquer área da saúde.
Quais dificuldades os alunos podem enfrentar para produzir um TCC de qualidade?
Desenvolver um TCC de qualidade não é uma tarefa fácil. Entre os desafios mais comuns enfrentados pelos estudantes estão:
•Falta de experiência em pesquisa científica, o que pode dificultar a elaboração do projeto e a análise de dados;
•Dificuldades com a metodologia de pesquisa, incluindo o planejamento adequado e a aplicação correta de técnicas estatísticas;
•Gestão do tempo, já que o TCC exige dedicação e organização ao longo de vários meses;
•Ansiedade e insegurança quanto à apresentação dos resultados, especialmente diante de bancas avaliadoras.
O suporte do Departamento de Cirurgia da UFSC
Para auxiliar os alunos a superarem essas dificuldades e produzirem TCCs de qualidade, o Departamento de Cirurgia da UFSC oferece orientação especializada com professores experientes em pesquisa científica. Nossos orientadores estão à disposição para guiar os estudantes em todas as etapas do TCC, desde a escolha do tema até a apresentação final, garantindo que eles estejam preparados para enfrentar os desafios da pesquisa acadêmica.
O TCC é, sem dúvida, um momento de grande aprendizado e crescimento para o estudante de medicina. Com o suporte adequado e o esforço necessário, ele se torna uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento de habilidades fundamentais na vida profissional do futuro médico.