O Departamento de Cirurgia está promovendo o curso “Fundamentos em Cirurgia: Nós, Fios, Suturas Convencionais, Mecânicas e Laparoscópicas”, voltado a estudantes de Medicina e profissionais da área da saúde que desejam aprimorar conhecimentos e habilidades essenciais para a prática cirúrgica.
Com base em aulas teóricas e sessões práticas em simuladores (hands on), o curso oferece uma formação abrangente em técnicas fundamentais, incluindo:
Tipos de agulhas, fios e técnicas de semi-nós;
Anestesia local e locorregional;
Pontos extra-corpóreos e suturas laparotômicas;
Videolaparoscopia e sutura intra-corpórea;
Uso de grampeadores mecânicos e energia hemostática.
As atividades práticas serão distribuídas em estações que contemplam desde pontos simples e semi-nós até práticas avançadas com grampeadores e energia hemostática.
O curso contará com a participação de professores experientes, como José Roberto Alves, Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, Saint Clair Vieira e Elias K. Takano, além de representantes de empresas de tecnologia cirúrgica.
As vagas são limitadas e as inscrições já estão abertas. Os interessados podem obter mais informações e se inscrever através do link:
À medida que os estudantes se aproximam do final do curso de medicina e se preparam para ingressar em programas de residência em cirurgia, é fundamental que possuam uma base sólida em habilidades técnicas e não técnicas. Diversos estudos e entidades de ensino médico destacam que a proficiência precoce em competências cirúrgicas básicas não apenas contribui para a segurança do paciente, mas também facilita uma transição mais tranquila para o ambiente desafiador do treinamento cirúrgico.
A Importância da Preparação Cirúrgica Pré-Residência
Os programas de residência esperam, cada vez mais, que os novos residentes demonstrem desde o primeiro dia de treinamento o domínio de habilidades essenciais. Essa expectativa reflete a realidade da prática cirúrgica contemporânea, na qual há pouco tempo disponível para remediar deficiências em técnicas básicas e onde a segurança do paciente e a eficiência no centro cirúrgico são prioridades.
Competências que o Estudante Deve Adquirir
Diversas competências são amplamente reconhecidas como essenciais para estudantes que se preparam para as residências em cirurgia:
Suturas e nós cirúrgicos básicos: O estudante deve ser capaz de realizar pontos simples interrompidos, suturas contínuas e nós cirúrgicos seguros, tanto em técnicas abertas quanto laparoscópicas.
Técnicas de assepsia e protocolos do centro cirúrgico: O domínio adequado das técnicas de escovação, paramentação, uso de luvas e manutenção do campo estéril é fundamental.
Manuseio de instrumentos cirúrgicos: É esperado que o estudante saiba identificar e utilizar instrumentos básicos como porta-agulhas, pinças e tesouras.
Execução de procedimentos básicos: Inserção de sonda vesical de demora, punção venosa periférica, passagem de sonda nasogástrica e manejo básico de vias aéreas são habilidades indispensáveis.
Interpretação de exames básicos: A leitura de radiografias de tórax, a interpretação de gasometrias arteriais e de eletrocardiogramas simples são competências diagnósticas importantes.
Comunicação e documentação clínica: A redação correta de evoluções e prescrições, bem como a comunicação eficaz com a equipe cirúrgica, são habilidades não técnicas essenciais.
O Papel do Departamento de Cirurgia
O Departamento de Cirurgia está plenamente capacitado para oferecer a base de conhecimento e habilidades necessárias aos estudantes de medicina que se preparam para ingressar nas residências em cirurgia. Por meio de laboratórios de habilidades, treinamentos em simulação e atividades práticas estruturadas, o departamento proporciona aos estudantes oportunidades para desenvolver essas competências sob orientação qualificada. Nossa missão é garantir que os formandos estejam confiantes, preparados e aptos a atender às exigências dos programas de residência.
Referencias:
Langdale LA, Schaad DC, Wipf JE, Marshall SG, Pangaro LN. Preparing graduates for the surgical residency: developing a curriculum for the fourth year of medical school. Journal of Surgical Education. 2003;60(6):335–339.
2. Naylor RA, Hollett LA, Valentine RJ, Bowling MW, Ma AM, Rich NM, et al. Can medical students achieve skills proficiency through simulation training? American Journal of Surgery. 2010;199(6):797–802.
A formação cirúrgica está mudando — e nem sempre para melhor. Segundo o artigo publicado no Annals of the Royal College of Surgeons of England, o conhecimento anatômico dos cirurgiões em formação tem sido motivo de crescente preocupação entre os próprios treinadores cirúrgicos. Em uma pesquisa realizada com 174 cirurgiões britânicos, 97,7% dos entrevistados se opuseram à redução do conteúdo de anatomia nas grades curriculares, e a grande maioria considera a demonstração anatômica essencial ou importante na formação dos futuros cirurgiões.
A pesquisa revelou ainda que 88,5% dos formadores acreditam que atuar como demonstrador de anatomia melhora as habilidades didáticas do cirurgião, e 96,6% afirmam que essa prática eleva o conhecimento anatômico — uma base inegociável da prática cirúrgica. No entanto, mudanças nos currículos médicos e nas exigências dos exames de qualificação têm deslocado o foco da formação, priorizando habilidades de comunicação em detrimento das ciências básicas, como a anatomia.
O estudo conclui que, para manter padrões elevados de competência clínica, é essencial revalorizar o ensino anatômico. Cursos locais e regionais de anatomia cirúrgica aplicada, e mesmo a reinstituição de postos formais de demonstradores de anatomia, podem ser caminhos viáveis. Afinal, como já foi dito: “As ciências básicas são os alicerces da medicina científica — e é sobre elas que se constrói a habilidade clínica.”
Referência:
Tibrewal S. The anatomy knowledge of surgical trainees: the trainer’s view. Ann R Coll Surg Engl (Suppl). 2006;88:240–242. DOI: 10.1308/147363506X113857.
A educação médica baseada em simulação representa uma revolução metodológica no ensino das ciências da saúde, oferecendo um ambiente seguro, controlado e altamente realista para o desenvolvimento de competências clínicas, técnicas e não técnicas. Ao permitir a prática deliberada sem risco ao paciente, a simulação tornou-se uma estratégia pedagógica essencial para a formação de profissionais mais preparados, confiantes e comprometidos com a segurança e a qualidade do cuidado.
Por meio de manequins de alta e baixa fidelidade, simuladores virtuais, modelos anatômicos, jogos sérios, realidade aumentada e cenários padronizados com atores, é possível treinar desde habilidades motoras e procedimentos técnicos (como intubação, sutura, punções e cirurgias) até competências mais complexas, como tomada de decisão, comunicação em equipe, gestão de crises e ética profissional.
A simulação proporciona feedback imediato, possibilita a repetição de tarefas até o domínio, reduz a curva de aprendizado e permite a avaliação objetiva do desempenho dos alunos em ambientes que reproduzem, com fidelidade, situações reais da prática médica. Além disso, promove uma cultura de segurança ao permitir que erros aconteçam e sejam discutidos de forma construtiva e sem dano real.
Sua aplicação vai além da graduação, sendo amplamente empregada na residência médica, na educação interprofissional e na formação continuada de profissionais da saúde. Ela também se alinha aos princípios da educação baseada em competências e às recomendações de entidades internacionais como o Association of American Medical Colleges (AAMC) e a Society for Simulation in Healthcare (SSH).
Ao integrar teoria, prática e reflexão crítica em um ambiente imersivo e colaborativo, a educação baseada em simulação transforma a forma como médicos e profissionais da saúde são preparados, contribuindo de maneira concreta para o fortalecimento da qualidade do ensino, a humanização do cuidado e a segurança dos pacientes.
A mentoria desempenha um papel crucial na formação de profissionais médicos e acadêmicos, especialmente na fase inicial de suas carreiras. Mais do que um processo de orientação, a mentoria é uma parceria estruturada e intencional entre mentor e mentorando, voltada para o desenvolvimento pessoal e profissional de longo prazo. Esse processo é caracterizado pela iniciativa do mentorando, que busca ativamente o apoio de mentores para alcançar suas metas e aprimorar suas competências.
Na mentoria, o mentor não se limita a transmitir conhecimentos técnicos, mas também oferece suporte em aspectos como habilidades interpessoais, cultura organizacional e estratégias de desenvolvimento de carreira. Esse relacionamento gera impacto na trajetória profissional e na satisfação com a carreira, pois fortalece as habilidades e a confiança do mentorando.
Indicadores de Eficácia na Mentoria
A eficácia de uma relação de mentoria pode ser avaliada por meio de indicadores específicos, que refletem o sucesso do processo em termos concretos e mensuráveis. Alguns dos principais indicadores incluem:
Desempenho Acadêmico e Clínico: A mentoria eficaz resulta em melhor desempenho em atividades clínicas e acadêmicas, proporcionando ao mentorando uma base sólida para suas práticas e pesquisas.
Produção Científica: A colaboração com mentores experientes pode aumentar a produção de artigos científicos, capítulos de livros e publicações em geral, que são essenciais para o crescimento acadêmico.
Avanços na Carreira: O mentorado frequentemente progride na carreira de forma mais ágil, conquistando oportunidades como promoções, posições de liderança e inserção em redes profissionais relevantes.
Ferramentas para Medir a Qualidade da Mentoria
A qualidade da mentoria não precisa ser apenas subjetiva; ela pode ser avaliada de forma objetiva, utilizando-se ferramentas de medição específicas, como escalas de eficácia. Essas ferramentas permitem que o mentorado avalie a orientação recebida em termos de impacto real no seu desenvolvimento. Ao medir variáveis como a frequência de reuniões, a clareza dos feedbacks e o suporte em desafios específicos, essas ferramentas ajudam a assegurar que a relação de mentoria esteja cumprindo seus objetivos e proporcionando o suporte necessário para o mentorado.
Conclusão
Uma relação de mentoria eficaz, iniciada pelo mentorando, é um fator transformador para o desenvolvimento profissional em medicina. Através de uma parceria estruturada e com objetivos claros, o mentor oferece orientação que vai além do conhecimento técnico, formando profissionais mais preparados e líderes mais engajados. E, com o uso de ferramentas objetivas de medição, é possível garantir que o impacto da mentoria seja positivo e alinhado às metas de desenvolvimento do mentorado, contribuindo de forma concreta para o sucesso na carreira médica.
Por isso, alunos e residentes são fortemente encorajados a buscar mentores entre os professores do Departamento de Cirurgia da UFSC, aproveitando a experiência e o conhecimento dos docentes para impulsionar seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Referência
Berk, R. A., Berg, J., Mortimer, R., Walton-Moss, B., & Yeo, T. P. (2005). Measuring the effectiveness of faculty mentoring relationships. Academic Medicine, 80(1), 66-71. https://doi.org/10.1097/00001888-200501000-00017⬤